Moradores fecham rodovia em protesto contra reintegração de posse na área do Palmeirinhas, no Porto da Lagoa
"Estão tratando moradores como bandidos", reclama morador sobre reação da polícia.
O protesto de moradores contra o fechamento do Palmeirinhas, no Porto da Lagoa, provocou reação da Polícia Militar (PM) na manhã desta quarta-feira em Florianópolis. Manifestantes bloquearam a Rodovia Vereador Osni Ortiga, a principal da região, e também atearam fogo em pneus. Os policiais teriam usado balas de borracha e bombas de efeito moral para dispersar o grupo. Não há informações sobre feridos.
O presidente da Associação de Moradores do Porto da Lagoa, Luciano Pereira, ficou revoltado com a ação dos policiais.
— Estão tratando moradores como bandidos. Dando tiro de borracha e jogando bomba de efeito moral. Isso é inaceitável — reclamou.
Segundo Pereira, os policiais retiraram o material que estava pegando fogo na rodovia e o protesto foi encerrado.
— Perdemos um bem que é nosso. A juíza que deu ganho de causa para a reintegração não entendeu bem esse caso. Mas pretendemos continuar nessa luta, protestando para chamar atenção da imprensa e do poder público — avisou Pereira.
A revolta dos moradores é em razão da reintegração de posse da área da Sociedade Esportiva Palmeiras, conhecida como Palmeirinhas. Nesta terça-feira, crianças ainda jogavam bola no local quando o oficial de justiça chegou para cumprir a ação.
Ainda ontem, o clima chegou a ficar tenso quando a comunidade impediu que a área fosse ocupada. Muros foram derrubados e buracos foram abertos nas paredes do vestiário. Além disso, caminhões despejaram brita em cima do campo de futebol.
— Entraram com máquina, derrubando e quebrando tudo — lamentou o presidente do Palmeiras, Isaias Bittencourt.
O terreno de oito mil metros quadrados é alvo de batalha judicial que dura 25 anos. A área pertencia a um grupo de sócios. Em 1962 foi cedida ao clube.
Em fevereiro desse ano, no entanto, a comunidade perdeu na Justiça o direito de usar o espaço. No local também são realizados projetos sociais e atividades de lazer.
Possível solução
O procurador da prefeitura de Florianópolis, Jaime de Souza, salienta que a administração municipal tentou intermediar acordo entre as duas partes. Com a sentença judicial, a saída seria a aquisição do terreno.
— O problema são os recursos que a prefeitura dispõe para isso — disse Souza.
Disputa histórica
Neste ano, o clube Palmeiras completa 50 anos. Localizado na Rodovia Vereador Osni Ortiga, o campo do Palmeirinhas se tornou tradicional na região com as peladas, além das atividades esportivas e sociais.
Em 1987 houve a primeira tentativa de reintegração de posse. Abaixo-assinados foram usados pela comunidade para tentar garantir o direito de ficar no local.
Fonte: www.jornalfloripa.com.br